quarta-feira, 29 de maio de 2019

Depois de fechar um roteiro completo para ir ao Deserto do Atacama + Salar de Uyuni + La Paz, fazer 'trocentas' cotações, mudei de ideia e decidi em fevereiro/19 que seguiria um de meus grandes sonhos: ir pro 'fin del mundo' (mesmo que o mês não fosse ideal). Gosto de tirar férias e se possível viajar no meu aniversário, ao passo que desde 2015 virou 'tradição' viajar em maio, em contrapartida, acabo indo atrás dos meus destinos tão sonhados mesmo que não seja 'alta estação'. É o caso da Patagônia Argentina, que em maio ainda não adentrou no inverno, de modo que saberia que teria de encarar algumas chuvas. Mas decidi ir mesmo correndo esse risco.


Primeiramente, esclareço que não estava em meus planos conhecer Buenos Aires, de modo inicialmente meu vôo de Calafate para BsAs seria no dia 25, e eu apenas faria conexão em BsAs. Mas de última hora, uma amiga resolveu ir para BsAs e me chamou para ficar ao menos dois dias por lá. Então, antecipei meu vôo de Calafate-BsAs para o dia 23. 

Cheguei em El Calafate no dia 21 de maio em torno de 11h manhã. O hostel escolhido foi o Folk Hostel (ARS 888), meu check-in estava previsto para às 14h, então fiquei no hall no hostel. O que posso dizer sobre o Folk? Super novo, bem projeto, camas confortáveis, novas e grandes, beliche com estrutura projetada para luzes e tomadas individuais, banheiro enorme e bem projetado, água quente, calefação, perto da rodoviária e do centro da cidade, tudo perfeito. 
Cheguei em El Calafate no dia 16 de maio, em um vôo às 10h45. Logo que cheguei no aeroporto, peguei um transfer (ARS 300)  para rodoviária. Na rodoviária saí procurando qual o transfer (ARS 620) que partiria mais cedo para El Chaltén, tive de esperar até às 16h para partir. Ainda na rodoviária acabei fazendo amizade com outro paulista e um carioca, o André e o Guilherme, que iriam se hospedar no mesmo hostel o Rancho Grande. Fiz um transfer para El Chaltén que dura 3h, chegando cerca de 21h30 no hostel. 


Embarquei dia 10 de maio de 2019, às 20h45. Fiz conexão no Rio de Janeiro, chegando em Ezeiza às 11h10 do dia 11 de maio. Teria de fazer um transfer para Aeroparque, pois meu vôo para Ushuaia sairia de lá, às 15h35. Minha programação inicial era pegar um ônibus da empresa Tienda Leon, que seria mais barato. No entanto, meu vôo atrasou e ficou taxiando no aeroporto de Ezeiza esperando local para parar, então peguei minha mala e saí correndo desesperada e acabei tendo de optar pelo táxi para não perder meu vôo, o que me custou mais que o dobro do valor do ônibus. Ou seja, se for comprar o vôo para Ushuaia no mesmo dia, deixe uma margem de mais de 4h se tiver de mudar de aeroporto.


Cheguei em Ushuaia às 19h10. Como eu havia fechado um pacote com a agência Pingüinos Expediciones, em razão do desconto que tive, acabei optando por incluir o transfer de ida e volta para o aeroporto.  Quando desembarquei, o Rodrigo da agência estava me esperando no aeroporto pontualmente, e logo eu estava no hostel Yakush (ARS 26.433). O hostel é simples e agradável, supriu minhas necessidades; o chuveiro quente funcionava e o banheiro e quartos tinham calefação. O Hostel é bem localizado, fica na rua principal da cidade, com supermercado e restaurantes próximos.

Com a agência Pingüinos eu fechei os seguintes passeios: 
Primeiro dia: Parque Nacional e Tren del fin del mundo + canal beagle
Segundo dia: livre
Terceiro dia: Laguna Esmeralda
Quarto dia: 4x4 pelo Lago Fagnano
Totalizando ARS 30.200 .

Li muitos blogs e relatos sobre as agências, acho útil ler a opinião das pessoas, desde às críticas aos elogios, ocorre que a maioria das pessoas recomendavam que os passeios fossem fechados quando você chegasse em Ushuaia. De todo modo, como gosto de ter uma margem de segurança, pesquisei muito os preços das agências, e como na maioria dos destinos, quando se fecha  um pacote geralmente a agência concede desconto, acabei deixando pré-reservado com a Pingüinos e não me arrependo. Super recomendo eles, especialmente pela pontualidade e atenção. O Rodrigo me respondia super rápido por e-mail e whatsapp, teve paciência em esclarecer todas minhas dúvidas e foram muitas, o telefone dele é +5492901402145.

Laguna Esmeralda as pessoas fazem sozinhas ou se reunem com amigos que conhecem no hostel e vão, é tranquilo, a trilha é bem demarcada. Dá para baixar pelo app do wikiloc e seguir direitinho, sem muita dificuldade. Mas não recomendo que você faça sozinha/o se você não tiver experiência com trilha ou não for bom com localização, para evitar que você se perca ou se machuque. 

O parque nacional as pessoas também costumam fazer sozinhas ou com amigos, é tranquilo também, dá para pegar táxi até o parque e fazer trilhas livres por lá. 

Ou seja, se a grana tiver apertada tem como economizar em alguns passeios.

No dia 12 de maio, às 9h a agência passou no meu hostel, e seguiu para outros hotéis e hostels apanhando os demais clientes. Já na van eu fiz amizade com um grupo de amigos de Porto Alegre e do Rio de Janeiro. Esse passeio começa pela Estação do Tren del fin del mundo. O lugar é rico de história e bem bonito, segundo o site: o Trem do Fin do Mundo convida você a reviver o último 7 km do que foi o trem dos presos, que partia da prisão de Ushuaia para a encosta do Monte Susana para obter diferentes materiais de construção. A bordo do trem você vai ouvir a história e desfrutar de magníficas paisagens compostas pelo sinuoso Rio Pipo, pela cachoeira Macarena, cemitério do árvores e pelo majestuoso bosque, percorrendo uma parte inacessível do Parque Nacional Terra do Fogo, a bordo de um trem de ferro da época com suas locomotivas a vapor, elegantes vagões com janelas amplas e vivendo o emocionante encanto de um passado histórico.

Havia lido muitas críticas a esse passeio, muitas pessoas falavam que era 'sem graça' e eu estava determinada a não andar no trem (ARS 1200), mas chegando lá não resisti, e não me arrependo. O passeio é curtinho, cerca de 1h, mas o trecho é bem charmoso e andar no trem parece que te sintoniza com o lugar e a história.

 





O trem faz uma parada numa estação chamada 'Cascada La Macarena', que tem uma vista linda do parque. Pouco tempo depois o passeio de trem acaba e seguimos de van pelo Parque Nacional Tierra Del Fuego até Bahia Lapataia
 



Lapataia é linda, fiquei com vontade de fazer umas trilhas por lá e até acampar, quem sabe um dia voltarei. Seguimos para uma parada rápida no Centro de Visitantes Alakush, para baños (banheiro) e café. Passamos ainda pelo Lago Acigami, também conhecido por Lago Roca, de origem glacial e dividido entre Argentina e Chile, o local é lindo e digno de uma pintura. E depois voltamos para o centro de Ushuaia, para fazer o passeio de barco pelo Canal Beagle




O passeio pelo Canal Beagle é um amor só. Prepare o corpo para o frio e a alma para sentir a beleza exuberante desse tour. Ver Ushuaia de longe, pelo canal, é lindo, e se aproximar do Farol Les Eclaireurs, nome francês que significa “Os Iluministas” ou “Os Escoteiros" foi super especial. 

Li no site Brasileiros em Ushuaia que o Farol Les Eclaireurs é conhecido por muitos como o Farol do fim do mundo, mas esta nomenclatura é enganosa, pois o verdadeiro título é do Farol de San Juan de Salvamento, localizado na costa leste da remota ‘Isla de los Estados’, o qual ganhou a designação de ‘Farol do Fim do Mundo’ devido ao livro ‘The Lighthouse at the End of the World’ do Jules Verne, publicado na França em 1905.






No hostel fiz amizade com dois paulistas, o Andrei e o Marcos, e combinamos de no dia seguinte ir ao Glaciar Martial. É como eu sempre digo: viajo sozinha, mas permaneço sozinha se eu quiser. Sempre faço amizades, algumas inclusive já vem durando alguns anos.

No dia 13 de maio combinamos de sair pela manhã cerca de 11h, juntou mais um argentino, nos encontramos no café da manhã e fomos para rua chamar um táxi, custou cerca de ARS 240 até a famosa Casa de Té na base do Glaciar Martial. De lá iniciamos nossa subida, havia bastante gelo e neve, inclusive com partes escorregadias, recomendo que usem botas impermeáveis. A trilha totalizou quase 4km, com duração de 2h30, altitude máxima 563m (desnível 251m).














No final do dia acabamos indo para o Hard Rock de Ushuaia e depois andamos um pouco pelas ruas da cidade.



Acabou que os dois paulistas que estavam no meu resolveram fazer o tour do dia seguinte e fecharam com a mesma agência que eu. 

No dia 14 de maio a agência passou às 9h30 no hostel para irmos à Laguna Esmeralda. Essa trilha totalizou 10km, com duração de 6h40, altitude máxima 415m (desnível 206m), com muita lama e charco, mas a vista durante toda trilha e ao final são recompensadoras. A agência faz recomendações sobre botas e roupas impermeáveis, e estão certíssimos, especialmente as botas foram imprescindíveis para um mínimo de conforto na trilha; eles também emprestam os bastões de trilhas, que são bastante úteis especialmente nas partes de lama e charco. O dia estava um pouco nublado, então a cor do lago não estava tão realçada, mas mesmo assim, valeu a pena. Quem foi quinze dias de mim já pegou o lago congelado.






No dia 15 de maio fiz o tour 4x4 pelo Lago Fagnano. A agência passou às 9h20 no meu hostel, e apanhou mais dois casais (Texas e BsAs) e uma outra mulher de Río Gallegos. Todos simpáticos, o que tornou o passeio mais agradável ainda. Quem nos guiou foi o Edu, super atencioso, paciente e excelente na direção. O carro é praticamente um tanque de guerra e andou por lugares 'radicais', era um misto de adrenalina com êxtase pela paisagem. Descemos do carro em um trecho bem lindo perto do lago Cami e fezemos uma caminhada de cerca de 15 min e paramos em um refúgio próximo do lago, para almoçar. Um churrasco argentino delicioso, com direito a entradinhas, chimichurri, vinho, café, sobremesa e feliz cumpleaños para mim. Foi uma experiência linda, energia boa, não poderia ter comemorado meu aniversário de forma melhor, em contato com a natureza e um bom vinho.















Fiquei por 04 dias completos, chegando no dia 11 de maio às 19h10 e partindo no dia 16 de maio, em um vôo às 10h45 com destino a El Chaltén (clica aqui para ler). Fui embora com vontade de voltar um dia, especialmente de moto, muitos brasileiros vão para lá de moto pela Ruta 40, que tem paisagens lindíssimas.

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