sábado, 13 de abril de 2019

Salkantay Trekking 5 dias, 4 noites, cerca de 74 km (maio/2017)

Em maio/17 passei 14 dias no Peru, e 5 deles foram dedicados a fazer Salkantay Trekking até Machu Picchu. Fechei essa trilha e outros 'tours' com a agência "Viajes Cusco", na época quem me atendeu foi Gladys.



Paguei metade antecipadamente para eles reservarem a trilha, comprarem o ingresso de Machu Picchu e Huayana Picchu, e o ticket do trem de volta (de Águas Calientes até Ollantaytambo), e o restante paguei quando cheguei na agência. 

Iniciei a trilha no dia do meu aniversário, 15 de maio de 2017. Acordei pouco antes das 4h. Um rapaz da agência apanhou eu e Thais (uma amiga da Bahia que fiz no grupo dos mochileiros e que decidiu ir pro Peru na mesma época que eu) no hostel.

Fomos andandoaté o centro onde estava a van, levamos em torno de 10 a 15 min, no caminho paramos em outros hostels para 'recolher' outras pessoas que fariam parte da trilha. 

De van fomos até Molepata, onde paramos para tomar café da manhã, e deixar as mochilas com os carregadores (elas seriam carregadas por mulas durante os quatro primeiros dias do trekking). Detalhe: eles pesam a mochila e o limite é de 5kg para despachar. 

Fomos divididos em três grupos de aproximadamente 15 a 18 pessoas. Nosso grupo foi formado em sua maior parte por casais franceses e canadenses pouco simpáticos, duas norte-americanas pouco sociais, e um pai e seu filho colombianos que foram a salvação do grupo. Mas para complicar a vida dos guias, eu e Thais ficávamos mais com o outro grupo, e passamos a maior parte da trilha na companhia de cinco gaúchos, um paulista, um coreano, um austríaco e uns holandeses muito loucos. 

Ali começamos o famoso e tão esperado 'Salkantay Trekking'. 


Nesse primeiro dia, fizemos uma caminhada de 13km em cerca de 6h até o acampamento em Soraypampa, a 3850m. Não foi difícil, não houve subidas íngremes. Almoçamos no acampamento onde pernoitamos, uma espécie de galpão com três paredes de madeira e um teto de lona. Ali, naquele descampado, peguei pela primeira vez na vida um frio pra chamar de insuportável, mas mal sabia eu que só iria piorar nas próximas 24horas. 

Após o almoço, quem quisesse poderia subir para o Lago Humantay a 4200m. E eu lógico, escolhi subir, e vou contar para vocês, valeu muito a pena o esforço e frio da subida. As fotos falam por si mesmas, e a cor do lago é um espetáculo a parte. 










Na volta, eu senti muito frio e não consegui esperar pelo jantar, tomei um chá e fui organizar minhas coisas para dormir. Na verdade, como foi minha primeira trilha, eu não tinha todos os equipamentos necessários para estar confortável, mesmo tendo comprado segunda pele, corta vento, me fez falta muitos equipos que com o tempo fui adquirindo. Naquela primeira noite, senti falta de ter uma headlamp, pois escovar os dentes no escuro segurando uma lanterna requer uma habilidade que eu não tenho. O banho foi de gato mesmo, na base do lenço umedecido, nessa primeira noite não tem banho, vamos dormir sujos e congelando mesmo. Muita gente me pergunta sobre banheiro. Nesse primeiro dia temos dois banheiros externos um pouco afastados do acampamento, com direito a parede, teto e assento sanitário, e uma pia do lado de fora. 

As barracas são montadas pela equipe, ou seja, é 'camping nutella', pois além de não carregarmos as cargueiras, nem fazermos nossa comida, nós também não montávamos nossas barracas, excelente para um primeiro trekking. Como era meu primeiro trekking, eu ainda não tinha saco de dormir adequado para as temperaturas que pegaríamos, então aluguei com a agência. Dividi a barraca com a Thais, que tinha levado um cobertor térmico  (daqueles metálicos fininhos) e o jogou por cima de nossos sacos de dormir, na manhã do dia seguinte o cobertor estava congelado com a condensação da barraca, mas descobrimos que foi de grande valia. 

No segundo dia de trilha, fomos acordados pela equipe que saía distribuindo copos de chá de muña na porta de cada barraca. Acordamos bem cedo, cerca de 3h, tomamos café e começamos a subida para Salkantay, onde alcançamos 4.650m, ou seja, cerca de 800m de desnível. A subida é pesada, mas é possível alugar mulas por 100 soles e o pessoal mais inteligente, mais rico ou menos aventureiro opta pelas mulas, eu subi na raça. E que raça. A subida é penosa, íngreme, repleta de enormes pedras que minhas pernas curtas xingam até hoje. Peguei muita chuva e gelo e queimei as mãos por não estar com luvas impermeáveis. Como falei acima, era meu primeiro trekking e eu ainda não sabia a necessidade e importância de alguns equipamentos como luvas de frio e luvas impermeáveis. Neste dia fez diferença ter botas impermeáveis, capa de chuva e roupas adequadas pra frio e chuva. Mesmo tendo sofrido eu estava encantada com tudo, era a primeira vez que me via diante a tanta grandiosidade da natureza. Após descer a montanha Salkantay, fazemos uma parada para almoçar, num acampamento mais simples que o anterior, na verdade, limitado a uma pequena área coberta também de lona para abrir uma mesa, dois longos bancos e a cozinha improvisada. 

Nesse segundo dia andamos cerca de 22km em 9h até o acampamento em Chawllay. Esse acampamento é mais sofisticado, uma casa de madeira onde é possível tomar um banho quente por 10 soles. Ficamos alojados em uma estrutura anexa de primeiro andar sem paredes apenas teto, próximos a um riacho. Após o banho e o jantar, tomamos cusqueña e ficamos conversando. 









Acordamos novamente cedo no terceiro dia de trilha, caminhamos 16km em 6h, dentro da selva, até chegar no local onde almoçamos, acredito que em algum lugar entre Wiñaypoqo e La Playa. E de lá seguimos de Van até o nosso terceiro acampamento em Santa Tereza, um alojamento de dois andares com paredes de alvenaria, no qual as barracas são montadas. No final da tarde fomos para as águas termais de Santa Tereza. Não consigo descrever quão relaxante foi essa experiência, após tanto caminhar com botas nem tão confortáveis assim. Leve seu repelente e recoloque imediatamente após o banho, caso contrário você vai ficar com mais de 100 picadas nas pernas feito eu. A noite foi de diversão com direito a fogueira, música brasileira e muita tequila inca e cusqueña















No quarto dia de trilha, novamente acordamos cedo para seguir a trilha. Ainda em Santa Tereza eu decidi fazer ZipLine (tirolesa), a van parte logo cedo para o local da aventura. Valeu super a pena, recomendo para quem curte esportes radicais. São cinco tirolesas (uma de dupla, uma de cabeça para baixo, uma deitada de bruços, uma sentada e  outra que esqueci), além de uma travessia em uma ponte suspensa de madeira bem estreita de tábuas esparsadas, que eu até hoje tenho dúvidas se minhas pernas tremiam de medo ou era a ponte que balançava muito. Depois a Van nos deixou na Hidrelétrica, de onde  despachamos nossos mochilões de trem e partimos andando para Águas Calientes, neste dia são percorridos cerca de 19km em 6h.  


Chegamos ao entardecer no Hostel Eco Mapi, a guia da agência mostrou nosso quarto, e fomos andando para a estação de trem recolher as mochilas. Voltamos ao hostel, tomamos um banho quente decente. Teve um jantar de despedida do pessoal, mas eu e Thais nem participamos, demoramos no banho e a nos arrumar. Nos encontramos com a Vanessa (outra amiga que estava no Peru), que mesmo tendo desistido da trilha, conseguiu readaptar o roteiro dela e ficou em águas calientes, aproveitou até um termas por lá. Jantamos numa pizzaria que não lembro o nome, de frente ao Índio Feliz.  











No quinto dia, último de trilha, acordamos às 3h e fomos andando até o Posto de Controle de entrada para Machu Picchu, pois fizemos o Camino Peatonal (hiking/caminhada a pé) até as ruínas. Ainda estava escuro e ficamos na fila que foi aumentando até a hora de abertura do portão, para iniciarmos a subida da escadaria às 5h. São cerca de 1.750 degraus de pedra e bem largos, em uma subida que levamos aproximadamente 1 hora, com o coração quase saindo pela boca e o suor brigando com o frio. Mas também é possível subir de ônibus ou van até as ruínas, mas nem cogitamos essa possibilidade, aventura era nosso sobrenome até entrar no avião para voltar para casa. Essa subida pelo Camino Peatonal é recomendada para quem quer ver os primeiros raios de sol entrando pelas ruínas de Machu Picchu, algo definitivamente deslumbrante. 

Os guias da agência se reuniram e fizeram um tour com explicações sobre vários trechos das ruínas, em seguida nos despedimos de todos e ficamos andando por conta. Às 10h, eu e Thais fizemos a subida para Huayana Picchu, bem tensa e emocionante, com trechos de escadaria curta e íngreme, onde beiramos vários penhascos, mas valeu muito a pena ver Machu Picchu lá de cima. Passava das 14h quando descemos tudo e fomos andando pra Águas Calientes. Paramos para almoçar em um dos primeiros restaurantes que vimos no caminho, eu estava morta de fome. Fizemos hora na cidade, fomos a um café delicioso com tortas também deliciosas, e voltamos ao hostel para pegar nossas mochilas. Seguimos para estação de trem, e perto das 20h pegamos o trem pra Ollantaytambo, onde a van da agência esperou para nos levar de volta pra Cusco. Passava da meia-noite quando chegamos em Cusco, descemos no centro da cidade e pegamos um táxi até o hostel. 















Quer saber como foram os demais dias no Peru? Clica aqui

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